Meter o sono em dia #7 | O sono e a sociedade
O sono infelizmente é um tópico que não é levado a sério da forma como devia ser levado. A população não se encontra devidamente informada sobre os benefícios do sono e as consequências da sua privação. Isso reflete-se nos seus hábitos de sono e nos horários em que começa os postos de trabalho e escolas.
Muitas vezes glorifica-se aquele trabalhador que está conectável 24 horas por dia. Que se deita super tarde e mesmo assim levanta-se primeiro que toda a gente, sendo também ele o primeiro a chegar ao trabalho. Eu já fui uma dessas pessoas. Que colocava o sono um bocado de lado para conseguir, ou ter tempo para me dedicar a outros projetos. Mas, pesquisei, informei-me, e percebi o que estava a fazer de mal. Como o autor diz: " [...] talvez a razão pela qual têm tanto trabalho por fazer no fim do dia seja precisamente porque não dormiram o suficiente durante a noite.". Com toda a privação do sono tornamo-nos menos eficazes e com dificuldade em concentrar. Estudos mesmo mostram que funcionários em privação de sono não são apenas menos produtivos, menos motivados, menos criativos, menos felizes e mais preguiçosos, mas têm também falhas éticas maiores.
Sabe-se que em média, os que dormem mais ganham também mais dinheiro. E, algumas empresas começaram mesmo a dar a importância devida ao sono. Temos como a exemplo a Nike e a Google que adotaram ambas uma atitude mais descontraída em relação aos horários de trabalho, permitindo que os funcionários regulem as suas horas diárias de acordo com os ritmos de sono de cada um. Empresas como estas sabem que não perdem por implementar esta estratégia, muito pelo contrário, sabem que estas horas de sono são importantes para o foco, criação e inovação dos trabalhadores, refletindo num lucro a longo prazo.
Não só no mundo do trabalho, mas também no mundo da educação este tópico é um problema. O facto das aulas começarem muito cedo, faz com que os estudantes tenham de acordar muito mais cedo do que deviam, roubando o sono REM - a fase crítica que ocorre nas horas finais de sono - que cria a diferença entre um estado mental estável e instável.
Um estudo que seguiu mais de 5000 crianças japoneses em idade escolar, descobriu que aquelas que dormiam mais tempo tiravam melhores notas a todas as disciplinas. E, ainda numerosos condados em vários estados dos Estados Unidos mudaram o início das aulas para uma hora depois e os seus alunos obtiveram notas significativamente mais altas. Verificou-se que isto afetou não só as notas, como também melhorou a assiduidade, reduziu os problemas comportamentais e psicológicos e fez diminuir também o consumo de álcool e substâncias. Visto que se as aulas começavam mais tarde, acabavam naturalmente mais tarde. Cobrindo a janela de perigo entre as 15 e as 18 horas, em que as aulas já acabaram mas os pais ainda não regressaram a casa. Período reconhecido como uma das causas do envolvimento dos adolescentes no crime e consumo de álcool e drogas.
Em relação aos pais e o que acham sobre os hábitos de sono dos filhos, uma sondagem efetuada pela National Sleep Foundation confirma que mais de 70% dos progenitores acreditam que os seus filhos dormem o suficiente, quando na realidade, mais de 25% das crianças entre os 11 e os 18 anos obtém de facto o número de horas de sono que precisa. Isto explica a visão turva que a maioria dos pais têm em relação à necessidade e importância do sono nas crianças por vezes estigmatizando o seu desejo de dormir mais.
Por último, após muitos dados estatísticos do livro, decidi elaborar um questionário sobre os hábitos de sono dos estudantes. Este estudo foi composto por 39 indivíduos com idades compreendidas entre 15 e 22 anos. Com este pequeno questionário consegui provar ainda mais a falta de literacia e de palavra que a sociedade tem sobre o tópico do sono, havendo 66,7% dos estudantes a nunca ter assistido a palestras ou tido acesso a folhetos que sensibilizassem para a importância do sono ao longo do seu percurso académico. Algo que já vimos que é de máxima importância e que devia de ser tido em conta. Foi possível verificar também que, como era esperado, mais de 50% dos participantes dormem menos do que deviam durante os dias de semana, tendo afirmado que rondava as 6 a 7 horas por noite.
Hoje vimos, mais uma vez, que o sono é uma parte essencial da nossa rotina diária. Não é saudável nos privarmos dele, apesar de por vezes estar fora do nosso alcance as horas a que acordamos ou nos deitamos. Penso que a sociedade ainda tem muito a evoluir. Tomar estes tópicos como assuntos sérios e instruindo finalmente uma sociedade. Até lá, podemos individualmente tomar a responsabilidade de nos ensinarmos e passar a mensagem ao próximo.
Amanhã vamos falar de 12 dicas para um sono saudável, não percas!
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