Esquecemo-nos de muita coisa...
Esquecemo-nos de muita coisa, e fico mesmo triste em relação a isso. Tenho 20 anos, e sinto que já vivi tanto [apesar de ainda só ter passado cerca de 1/4 da minha vida]. E nesses 20 anos lembro-me de tão pouca coisa. Não que eu tenha memória de peixe, eu por acaso considero que tenho uma memória bastante boa, mas, refletindo sobre o passado, parece muito pouco sabendo aquilo que me lembro e aquilo que eu já devo ter passado. É que 20 anos são 240 meses. E esses 240 meses equivalem a 730 484 398 dias. Saber que durante esse período, houve momentos de risos, momentos de choro, criaram-se amizades e destruiram-se outras tantas e, disto tudo, o que eu me lembro, é um grão de areia em pleno deserto. Pensar que quando tiver os meus 80 anos, não me vou lembrar se calhar nem de um milésimo da minha vida... É triste.
Apesar de tudo, sei que é a ordem natural das coisas, e que lembrar de tudo provavelmente não seria a melhor ideia, mas não sei. Se para eu relembrar de momentos bons que passei que já não me recordo tivesse de enfrentar outros momentos maus que também não me lembro, eu se calhar arriscava. Porque, mais uma vez, o importante é saber lidar com eles. Toda a gente tem os seus montros e é inevitável tentar evitá-los. Eles estão lá, sempre, e aceitá-los como parte da nossa vida é necessário.
Já pensei muito como seria se me lembrasse de tudo. Ou pelo menos, se me lembrasse de muito mais. Será que era mais sábio? Será que tinha uma perspetiva diferente da vida? Ou não? Não sei, nem nunca saberei. Mas se gostava de saber, lá isso gostava...