Corda bamba
Sou um equilibrista. Um constante equilibrista. Equilibro-me 24 horas sob 24 horas numa fina corda sobre um mar. Um mar onde não consigo ver nada para além dele, mas que, apesar disso consigo ver o meu reflexo. O reflexo de alguém com medo, receio, mas que mesmo assim caminha. Pé ante pé enfrentando o grande nevoeiro que me abraça.
Não vejo nada. Olho em redor, está tudo branco. Apenas vejo o meu reflexo na água. Olho para mim, respiro fundo, e continuo o meu caminho. Pé ante pé. Para a frente. Sem exitar. Acredito que um dia chegarei a algum lado. Acredito que o fim da corda se aproxima a cada passo que dou. Pé ante pé.
Rezo para que a força nas pernas não acabe. Que o meu equilíbrio não se perca. Que a corda não fique mais fina. E que não haja tanto vento. Por vezes a corda abana tanto que eu agarro-me a ela como a minha vida dela dependesse, literalmente. Mas eu acredito. Acredito em mim e na minha força de vontade. Sei que mais tarde ou mais cedo, vou chegar ao meu destino. Pé ante pé.