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A Jornada de um Estudante

Um Blog sobre aprender, ensinar e criar online.

A Jornada de um Estudante

Um Blog sobre aprender, ensinar e criar online.

Eu mudei, já não sou o mesmo,

O que me interessava, já não me interessa mais.

O que me fazia rir, hoje já não me faz,

Aquilo que eu amava, eu hoje odeio,

Eu mudei, já não sou o mesmo.

O tempo passou,

Eu passei com o tempo.

O tempo não levou só os minutos e as folhas,

O tempo não levou só a poeira das escadas empedradas,

O tempo levou-me a mim também, 

O tempo levou o meu antigo eu.

Eu sou o que restou,

Mas não passo de restos.

Eu sou eu por inteiro,

Porque o que eu perdi de fraqueza ganhei eu de força.

Desculpa, eu mudei e já não sou o mesmo.

 

 

 

Estou deitado no sofá, agarrado a uma almofada enquanto sorrio pateticamente. E sorrio porquê? - Perguntam vocês - Porque gosto de me relembrar das coisas que me fizeram feliz no passado. Coisas essas que ainda hoje me colocam um sorriso nos lábios e me deixam feliz no presente. Coisas essas que aconteceram e que se eternizaram desde aí. Coisas essas que não vou esquecer, nunca.

Foi tão bom... que não consigo dizer mais nada. Não consigo passar tudo para o papel. E mesmo que tentasse iria faltar sempre algum pormenor. Algum sorriso não descrito, alguma gargalhada perdida, algum abraço por contar. Como eu não quero que isso aconteça, não descrevo nada. Deixo apenas que os momentos se desenrolem na minha cabeça uns a seguir aos outros. Sem hora para término. Porque eu assim quero. Para sempre.

O mundo tem vivido um autêntico terror. Era impossível prever que tal tragédia iria acontecer, mas a verdade é que aconteceu. Tempos difíceis vieram, e vieram para ficar. Contudo, e apesar de todos os males que se têm verificado nos últimos dias e semanas, há coisas, diria eu, bastante positivas que também elas merecem ser retratadas e comunicadas à comunidade. Já há tanto desastre na comunicação social nos dias de hoje, seja ele económico, físico, epidemiológico ou social que nos esquecemos das poucas coisas boas que ainda acontecem ou que começaram a acontecer. É nisso que me quero focar hoje. Nas coisas positivas, pois também elas merecem ser partilhadas. Principalmente nos dias difíceis que atravessamos.

Algo que felizmente tem passado muito pela comunicação social, é o facto da poluição ter diminuído a nível mundial. Devido à pandemia, com a queda no consumo de petróleo, o mundo está neste momento a emitir menos um milhão (um milhão!!!) de toneladas de dióxido de carbono por dia. O que levou a uma diminuição da poluição atmosférica tremenda!

Em Veneza, Itália, observou-se o que há muito tempo não se via, águas limpas e claras. Águas essas onde já nadam grandes cardumes, cisnes e patos. Veneza tornou-se mais linda com a quarentena obrigatória de Itália. Com tudo o que Itália já sofreu, este pequeno presente foi uma luz na vida das pessoas deste país. Mereciam.

Para além destes benefícios a nível mundial, houve também alguns a nível social. Sinto que as pessoas têm aproveitado a quarentena para praticar o bem. Tiraram este tempo para focar nelas próprias e nas pessoas com quem se importam. Criaram novas rotinas, continuaram outras e passam isso para os outros influenciando-os a fazerem o mesmo. Seja com exercício físico, ler ou meditar, as pessoas estão a tirar um tempo para elas. Melhorando não só a sua saúde física como mental. 

Concluindo, a pandemia já sacrificou mais de 9 mil vidas em todo o mundo. É um número alto, sem dúvida nenhuma, e que vai aumentar ainda mais à medida que os dias vão passando. Apesar disto, todos os pontos positivos que referi acima, levaram a que muito mais de 9 mil vidas fossem salvas até à data. É verdade que tudo o que aconteceu e acontece é um pesadelo, mas, como vêem, também há muita coisa boa. Há que ver os dois lados da moeda e, quando não nos mostram, há que procurá-los. Pois na grande maioria das vezes, ele existe.

18 Mar, 2020

Gritar ao mundo

Nos dias de hoje o clicar no botão "publicar" é realizado de forma demasiado normal e descansada. Sabemos, mas agimos como se não soubéssemos que tudo o que cai na Internet encontra-se visível aos olhos de todos. A verdade é que a Internet é um poço sem fundo. Que, quanto mais informação lá se encontra, mais fundo ele parece.

Partilhar uma foto hoje em dia é como levantá-la em pleno de estádio de futebol. Com um pequeno pormenor, esse estádio tinha mais de 3.5 bilhões de espectadores. É muita gente. Demasiadas até, diria eu. O lado bom é que podemos aproveitar esta visibilidade toda para partilhar conteúdo que realmente interessa. Para sensibilizar uma população que carece muitas vezes de falta de noção.

São estas pequenas, mas grandes coisas, que devemos agradecer por vivermos na época que vivemos. Pois nos dias difíceis que correm, vejo nas redes sociais muita partilha de positivismo. Com concertos, mensagens, tributos e outros pequenos contributos para ajudar uma sociedade.  Claro que, continua a haver de tudo, mas isso cabe-nos a nós filtrar o que queremos ou não ver. 

17 Mar, 2020

A triste atualidade

Dias tristes têm-se acumulado uns em cima dos outros. Na rua já não se vê o que se via: sorrisos, gargalhadas, paz e conforto. Todos esses sentimentos e emoções deram lugar à dúvida, preocupação e medo.

As pessoas já não são pessoas. São almas ambulantes que deambulam pelas ruas muitas vezes não por opção própria mas porque o trabalho assim as obriga. Já não se cumprimentam, olham umas para as outras e acenam com a cabeça. Serve, mas não é a mesma coisa. O medo apoderou-se das nossas vidas. Consumiu-nos a liberdade e felicidade e assim o alimentamos. Dia após dia, até isto acabar.

Não vejo a hora deste terror chegar ao fim. Voltar a ser livre. Não só eu, mas todos nós. Aproveitar tudo. Desde as pequenas coisas que a vida tem para oferecer às grandes. Quero ver crianças a correr pelo parque a gritar com um sorriso nos lábios. Quero ver jovens sentados num relvado de jardim a fazer um picnic enquanto contam anedotas. Quero ver isto e muito mais. Quero ver o que via. Quero ver a rotina. É pedir muito que voltem estes tempos? É pedir muito voltar a viver, de verdade? 

Não pensando em nada. Ou, pelo menos, tentando não pensar em nada. Simples assim.

Parece-me contraintuitivo pensar em algo, ver algo ou mesmo ouvir algo quando estamos a tentar procurar as palavras certas, o conteúdo correto para o nosso projeto. Como se no final resultasse tudo numa salada de ideias, todas misturadas, resultando em nenhuma ideia em concreto. Se queremos pensar em algo, realmente, há que resistir à tentação de pensar (demasiado). Deixar fluir o que a nossa cabeça realmente quer dizer, sem pressões nem incentivos. Deixar a informação sair no tempo certo e no espaço certo. E no final, muito provavelmente, observa-se que o processo de criação foi mais prazeroso e verdadeiro.

Está escuro. Não vejo nada. Abro e fecho os olhos repentinamente, vejo o mesmo. Estou sozinho. Não percebo. Como assim estou sozinho? Porque é que toda a gente me abandonou? Porquê? O que é que eu fiz? Em quem me vou apoiar agora? Quem vai ser o meu ombro amigo? Quem me vai dizer palavras de conforto quando eu mais precisar? Quem me vai dizer palavras de motivação quando eu mais precisar? Quem? Quem?!

Parece que vou ter de ser eu a fazer tudo, a ser tudo e a dizer tudo. Parece que vou ter de ser o meu melhor amigo. Vou ter de ser o crítico da minha pessoa e com isso motivar-me a mim mesmo. Vou ter de aprender a viver comigo. Vou ter de aceitar a minha presença e disfrutá-la, quer eu queira, quer não.

Mas, toda esta escuridão fez-me pensar. Fez-me pensar que nem sempre temos quem nós queremos ao nosso lado. Por vezes ficamos apenas connosco próprios e temos que nos habituar a isso, à nossa companhia e somente a ela. Quando nos sentirmos bem, confiantes e confortáveis com a nossa pessoa; aí iluminamos qualquer escuridão que haja, e aproveitaremos muito melhor o brilho que os demais trazem à nossa vida.

Tudo na vida é limitado, até a própria vida. Nunca te esqueças disso. Como diz o ditado: não deixes para amanhã o que podes fazer hoje. Não sabes quando vai ser a última vez que te levantas da cama e respiras o ar fresco da manhã. Não sabes quando vai ser a última vez que vês aquela pessoa, que visitas aquele sítio ou que sentes aquele sentimento. Por isso, certifica-te que nada fica por dizer, nada fica por mostrar e que nada fica por sentir.

Vive completamente, com os pés bem assentes na terra, no presente. Sente cada segundo que passa, porque cada segundo que passa, é um segundo que não volta.

Não sei porque escrevo. Não me identifico nada com isto. Agora pedem-me para escrever o meu elogio fúnebro... Como se fosse morrer agora ou daqui a pouco tempo. Onde é que isso já se viu... Não é por estar ligado à máquina e internado há 1 semana que vou morrer. Posso dizer que não estou nos meus melhores dias, mas acredito ainda ver nascer o sol muitas vezes.

Não quero quaisquer elogios fúnebres quando morrer! Não quero frases feitas, não quero mensagens previamente escritas, não quero nada disso! Sou clássico, como os meus 85 anos assim demonstram! 

De que vale ter cartas, textos, elogios previamente escritos se isso pode não ser compativel com o que as pessoas sentem na altura em relação à minha pessoa? Essas cartas podem tornar-se facilmente numa mentira. O que eu quero, são sorrisos genuínos. O que eu quero, são boas memórias. Quero que as pessoas pensem em mim e com o que fiz quando era vivo e sorriem. Se isso acontecer, significa que a minha vida teve sentido. Porque não só vivi a minha melhor vida, como influenciei positivamente as pessoas ao meu redor.

E a máquina parou...

12 Mar, 2020

Corda bamba

Sou um equilibrista. Um constante equilibrista. Equilibro-me 24 horas sob 24 horas numa fina corda sobre um mar. Um mar onde não consigo ver nada para além dele, mas que, apesar disso consigo ver o meu reflexo. O reflexo de alguém com medo, receio, mas que mesmo assim caminha. Pé ante pé enfrentando o grande nevoeiro que me abraça.

Não vejo nada. Olho em redor, está tudo branco. Apenas vejo o meu reflexo na água. Olho para mim, respiro fundo, e continuo o meu caminho. Pé ante pé. Para a frente. Sem exitar. Acredito que um dia chegarei a algum lado. Acredito que o fim da corda se aproxima a cada passo que dou. Pé ante pé.

Rezo para que a força nas pernas não acabe. Que o meu equilíbrio não se perca. Que a corda não fique mais fina. E que não haja tanto vento. Por vezes a corda abana tanto que eu agarro-me a ela como a minha vida dela dependesse, literalmente. Mas eu acredito. Acredito em mim e na minha força de vontade. Sei que mais tarde ou mais cedo, vou chegar ao meu destino. Pé ante pé.