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A Jornada de um Estudante

Um Blog sobre aprender, ensinar e criar online.

A Jornada de um Estudante

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20 Nov, 2019

Silêncio

Para combater o ruído do dia-a-dia não há nada melhor que o silêncio. Um dia inteiro de frases e pensamentos soltos, desorganizados e sem sentido, mas quando o silêncio chega, tudo melhora. Os pensamentos organizam-se por gavetas. As preocupações e as responsabilidades saem da mente. A sensação de bem-estar atinge o corpo. A paz nunca antes sentida nesse dia vem ao nosso encontro e encontramo-nos a nós próprios.

O silêncio não tem só esta vantagem. Nos dias de hoje, sinto que há muito a ser dito por palavras e muito pouco a ser dito pelo silêncio. O que acho incompreensível porque muitas vezes o silêncio expressa tão bem ou melhor o que é dito por palvras. E, ao contrário das palavras, o silêncio não costuma ser mal interpretado. Se mais pessoas se apercebessem deste facto, acredito que muitos mal-entendidos teriam sido evitados.

Casa, faculdade. Faculdade, casa.

Sinto que nos últimos tempos a minha vida tem-se resumido a isto. Não que eu não tenha feito mais nada, tenho, mas não nas quantidades que desejava. Faltam-me estímulos. Esta rotina tem sido muito sem sal. Sem momentos interessantes, sem nada que me desperte realmente a atenção.

A monotonia da vida é um tema que me assusta um bocado. Não necessariamente o monótomo que têm sido estes últimos dias, isso deveu-se muito a avaliações e trabalhos que tive para a Faculdade, mas sim a rotina dia após dia, sem oportunidade de "aproveitar a vida". Apesar de se poder "aproveitar a vida" muitas vezes com as coisas mais simples que a vida tem para oferecer. Qualquer tarde, com uma manta, um bom filme e um grupo de amigos fazia o dia a qualquer pessoa. Mas mesmo assim, devido às rotinas apertadas e aterefadas dos dias de hoje, até estes pequenos momentos são difíceis de conseguir.

Melhores dias virão.

18 Nov, 2019

O tempo é relativo

Quando queremos que ele passe, ele não passa. Quando queremos que ele não passe, ele voa. É imprevisível, e no entanto não há nada mais previsível que ele.

Este é o tempo. Estas são as 24h dos nossos dias. Sim, as mesmas 24h que todos os nossos dias têm, apesar de muitas vezes não parecer. 

Momentos que podiam ser eternizados e outros tantos que podiam ter acontecido num ápice. Momentos que podiam ter feito o tempo parar e outros que podiam tê-lo feito acelarar. O tempo não escolhe momentos. O tempo, pelo menos no nosso dia-a-dia, é absoluto. Mas, no entanto, temos a perceção que é relativo.

Como escrevi há uns tempos atrás, algo que consegui ultrapassar foi a imensa pressão que punha sob mim próprio. Hoje, felizmente, já não é assim. Consigo controlar muito melhor as minhas emoções de forma a não me ir abaixo imediatamente a seguir a certas coisas não correrem como desejava. E por isso, estou feliz, sinto-me bem e estou orgulhoso de mim próprio. Mas (há sempre um "mas" certo?), tenho notado algo menos bom.

Com a diminuição de pressão sob mim próprio, veio também a diminuição de preocupações. Não que isto seja mau, é bom! Mas começa a ser prejudicial quando vem em demasia. Diria que pode causar até um certo relaxo. Não que eu deixe de ter aspirações e objetivos com os quais quero realizar, mas devido a aceitar mais facilmente os momentos maus, tenho a sensação que raramente me preocupo a sério com algo.

Talvez isto não seja algo mau, talvez até seja bom. Talvez por ser uma coisa nova, eu esteja tão intrigado. A única coisa que me conforta nisto tudo é que não deixei de ser quem sempre fui. Alguém que não se contenta com pouco e que tenta sempre ser melhor.

Esquecemo-nos de muita coisa, e fico mesmo triste em relação a isso. Tenho 20 anos, e sinto que já vivi tanto [apesar de ainda só ter passado cerca de 1/4 da minha vida]. E nesses 20 anos lembro-me de tão pouca coisa. Não que eu tenha memória de peixe, eu por acaso considero que tenho uma memória bastante boa, mas, refletindo sobre o passado, parece muito pouco sabendo aquilo que me lembro e aquilo que eu já devo ter passado. É que 20 anos são 240 meses. E esses 240 meses equivalem a 730 484 398 dias. Saber que durante esse período, houve momentos de risos, momentos de choro, criaram-se amizades e destruiram-se outras tantas e, disto tudo, o que eu me lembro, é um grão de areia em pleno deserto. Pensar que quando tiver os meus 80 anos, não me vou lembrar se calhar nem de um milésimo da minha vida...  É triste. 

Apesar de tudo, sei que é a ordem natural das coisas, e que lembrar de tudo provavelmente não seria a melhor ideia, mas não sei. Se para eu relembrar de momentos bons que passei que já não me recordo tivesse de enfrentar outros momentos maus que também não me lembro, eu se calhar arriscava. Porque, mais uma vez, o importante é saber lidar com eles. Toda a gente tem os seus montros e é inevitável tentar evitá-los. Eles estão lá, sempre, e aceitá-los como parte da nossa vida é necessário.

Já pensei muito como seria se me lembrasse de tudo. Ou pelo menos, se me lembrasse de muito mais. Será que era mais sábio? Será que tinha uma perspetiva diferente da vida? Ou não? Não sei, nem nunca saberei. Mas se gostava de saber, lá isso gostava...

Passamos a nossa vida académica toda a estudar para tirar as melhores notas possíveis. Tudo com o intuito de ter um bom emprego, para conseguir ter uma boa vida e assim viver bem. Mas, será que estudar tanto com o objetivo de ter as "melhores notas" valerá assim tanto a pena?

Esta é uma pergunta demasiado complexa para ser respondida de forma única. Eu diria sim e não. Faz-me sentido que se estude muito, que se sacrifique muito tempo e oportunidades em busca do nosso grande sonho. Como por exemplo ao tentar entrar para faculdades com médias extremamente altas, como é o caso de Medicina. Mas por outro lado, diria que não.

Não acredito na ideia de que tirando melhores notas teremos mais chances de ter melhores empregos e consequentemente melhores vidas. Não é tão linear assim. Existe muitas variáveis a ter em conta e "melhor média" não é de todo a mais importante. 

Sendo um estudante na área da saúde, esforço-me para aprender, para saber fazer, para perceber o que me estão a explicar. Deixando assim tudo o que é notas, médias, o que sai ou não nos exames para secundário. Ao focar na aprendizagem e não nos valores quantitativos dos exames, consigo concentrar-me mais facilmente, tirando um peso enorme de mim próprio. E não é por isto que as notas vão baixar, porque se te esforçares a aprender, as notas virão na mesma. Digamos que eu preocupo-me em ter notas suficientemente boas, conseguindo ter tempo para outras atividades que também gosto de fazer: como correr, ler e escrever. Decidi não sacrificar estes meus hobbies que acredito que me ajudam a evoluir como pessoa e fazem-me bem tanto fisicamente como psicologicamente. Tenho noção que se abdicasse deles não estaria bem comigo próprio. Talvez conseguisse estudar mais, ou então não.

Por enquanto estou a gostar da minha abordagem à vida. Faço de tudo um pouco. Dedico o meu tempo às várias atividades que me satisfazem: tanto o curso, como o correr, a leitura, a escrita e muito mais. Estou bem assim e não me via de outra forma.

 

O facto da vida ser complexa é algo que nós temos a certeza absoluta. Por vezes, também temos a "certeza absoluta" de muitas coisas, o probelma é que com o passar do tempo apercebemo-nos que as nossas perspetivas estavam erradas. A perspetiva que nós temos de tudo, baseia-se do que nós conhecemos disso, daquilo que nos falam, ouvimos e vemos. Com isto, é plausível dizer que as nossas perspetivas não podem estar sempre absolutamente corretas, pois não sabemos de tudo, apenas supomos tudo.

Há medida que os anos passam vou tendo cada vez mais momentos destes. Quando pensava que algo era de uma certa forma, vejo por mim, e na realidade não é. A expressão "nem tudo é o que parece" está correta. Contudo, eu acrescentaria que apesar de nem tudo ser como parece, só realmente sabemos como é, quando estamos dentro do assunto. Não durante 1 dia, 1 semana, 1 ano; mas anos e anos. Conhecer o sistema primeiro e conhecê-lo verdadeiramente depois. Aí sim, depois fica-nos tudo mais claro.

É fácil nos sentirmos ocupados, mas mais difícil sermos produtivos. E por vezes confundem-se estes dois conceitos. Quando estamos ocupados, a trabalhar em algo, não significa necessariamente que estamos a ser produtivos. [Eu que o diga, por vezes a procrastinação apodera-se de mim.]

Ser produtivo não é fácil. É todo um conjunto de diferentes variáveis que têm de estar em sintonia umas com as outras. A capacidade de concentração, o ambiente externo, a organização, a energia, etc... E, também muito importante, requer muita força de vontade. Se nós realmente não quisermos, não vamos conseguir. Tudo o resto falha em cadeia. E também não vale a pena nos enganarmos a nós próprios. Dizendo que queremos trabalhar, estamos a trabalhar, mas, lá no fundo sabemos que não estamos realmente a trabalhar. Porque aí caímos novamente no erro: estamos ocupados, mas não produtivos.

12 Nov, 2019

Limitações do Ser

Todos os dias acontece-nos algo mau. Algo que nos faz ficar triste ou chateado. Algo que nos faz pensar "Porque é que tem de me acontecer isto a mim?". A verdade é que a vida é cruel e injusta. Acontecimentos destes, felizmente ou infelizmente, são muito comuns ocorrerem. Sendo por vezes difícil lidar com eles. Mas é inevitável. Não podemos fazer nada em relação a isso. Se evitarmos uns problemas, vão aparecer outros para os substituir. Não se pode fugir ao caos para sempre e a vida não pode ser perfeita para sempre. É feita naturalmente de altos e baixos.

Jordan B. Peterson, no livro 21 Regras para a Vida, citou uma pergunta que me fez pensar e por isso, passo a citá-la também:

"Imagine um Ser que é omnisciente, omnipresente e omnipotente. O que falta a tal Ser? A resposta? A limitação."

Se já sabes tudo, és tudo e estás em todo o lado, qual era então a tua razão de viver? Difícil arranjar uma certo? Já que alcançaste na vida tudo o que tinhas para alcançar. Provavelmente a vida tornaria-se aborrecida e monótona. Não saberíamos o que fazer com ela. Viveríamos assim, sem rumo.

Por muito que nos custe todos os sofrimentos que a vida nos acarreta. É a limitação que todos nós temos que faz a nossa vida ter sentido. É saber onde estou e onde é possível chegar que faz que tenhamos motivação para o que fazemos todos os dias. A limitação dá-nos objetivos, dá-nos razão para viver. E por isso, há que saber abraçá-la, porque é devido a ela que somos o que somos e que fazemos o que fazemos.

O ser humano é um ser que me fascina. É tão previsível mas ao mesmo tempo tão imprevisível. Sabemos tanto sobre ele, mas ao mesmo tempo sabemos tão pouco. Quanto mais sabemos sobre ele, mais sabemos que não sabemos. Desde a sua fisiologia, aos seus comportamentos, o ser humano sempre foi algo em que tive muito interesse.

Hoje, eu tenho a oportunidade de estudá-lo e aprender sobre ele. Mas, mesmo assim, sei que há algo que ainda não consegui experienciar. As suas culturas. Temos por este mundo fora mil e uma culturas diferentes. Tantos indivíduos com formas diferentes de pensar agir e de viver.  Com uma realidade tão diferente da nossa que nem nos passa pela cabeça. E é isso mesmo que me fascina: o desconhecido. E por isso, quero conhecer tudo. Quero falar com eles. Quero perceber e viver, nem que seja por um bocado, aquilo que eles vivem. 

Ler, pesquisar e ouvir não basta para conhecer uma cultura. É necessário viajar para "realmente" perceber. E viajar é uma coisa que ainda não consegui fazer. Tenho uma longa vida pela frente e espero um dia finalmente conseguir.